“Peleja do Cego Aderaldo com Zé Pretinho dos Tucuns”, de Firmino Teixeira do Amaral

 

Apreciem, meus leitores,

Uma forte discussão,

Que tive com Zé Pretinho,

Um cantador do sertão,

O qual, no tanger do verso,

Vencia qualquer questão.

 

Um dia, determinei

A sair do Quixadá —

Uma das belas cidades

Do estado do Ceará.

Fui até o Piauí,

Ver os cantores de lá.

Me hospedei na Pimenteira

Depois em Alagoinha;

Cantei no Campo Maior,

No Angico e na Baixinha.

De lá eu tive um convite

Para cantar na Varzinha.

Quando cheguei na Varzinha,

Foi de manhã, bem cedinho;

Então, o dono da casa

Me perguntou sem carinho:

— Cego, você não tem medo

Da fama do Zé Pretinho?

Eu lhe disse: — Não, senhor,

Mas da verdade eu não zombo!

Mande chamar esse preto,

Que eu quero dar-lhe um tombo —

Ele chegando, um de nós

Hoje há de arder o lombo!